sábado, 15 de março de 2014

75 anos da anexação da Áustria pelo exército nazista alemão

Há 75 anos, Exército alemão invadia a Áustria 

A Áustria foi anexada ao Terceiro Reich alemão em 12 de março de 1938. "Deus proteja a Áustria", foram as últimas palavras chanceler austríaco Kurt Schuschnigg  em 11 de março de 1938 às 19h47,  no seu último discurso no rádio.  Adolf Hitler havia chantageado o país: ou o governo renunciava, ou as tropas alemãs a ocupariam. O presidente Wilhelm Miklas e Schuschnigg, sabiam que era inútil resistir. O dia seguinte marcou o fim do Estado da Áustria. Às oito horas da manhã, as tropas alemãs entravam no país. Na tarde do mesmo dia, Adolf Hitler chegava de carro a Braunau am Inn, cidade próxima à fronteira onde ele nascera em 1889. Em vez de resistência, houve júbilo. No dia seguinte à chegada das tropas à Áustria, o diário oficial do Reich publicou a Lei de Reunificação da Áustria com o Império Alemão, elaborada pelo líder e chanceler do império Adolf Hitler. Dois dias depois, ele era aclamado por 250 mil pessoas na Heldenplatz, em Viena. A última frase de seu discurso foi abafada pelos estrondosos aplausos que duraram mais de um minuto. "Como líder e chanceler da nação alemã e do império, eu registro para a história a entrada de meu país no Império Alemão."

Austríacos oferecem flores aos soldados alemães na cerimonia de boas vindas em 15 de março de 1938

Após a Segunda Guerra Mundial, foi conveniente esquecer o plebiscito que mostrou 99,7% dos eleitores austríacos aprovando a unificação, e retrocedendo um pouco mais na história, após a dissolução do Império Austro-Húngaro em 1918 grande parte da população austríaca cultivava o desejo de uma fusão com o Império Alemão. Porém por interesses políticos,  os aliados da Segunda Guerra Mundial preferiam afirmar: "A Áustria foi o primeiro país livre a se tornar vítima da agressão de Hitler…". E “ para a construção da identidade austríaca nos anos pós guerra foi importante empurrar todo o peso da responsabilidade para a Alemanha, de forma a desenvolver uma identidade nacional independente", analisa Oliver Rathkolb, professor de História Contemporânea da Universidade de Viena. Até a década de 70 historiadores austríacos preferiram defender a ideia que o resultado do plebiscito de 1938 foi alcançado com os recursos típicos do nazismo: manipulação, propaganda e terror, ignorando depoimentos dos judeus que viviam na Áustria no período e que sobreviveram aos horrores do Terceiro Reich, afirmando o interesse da população austríaca em tomar posse dos bens dos judeus, e que após a criação do Estado de Israel não pisaram mais em solo austríaco. Nesta segunda década do século 21, a Segunda Guerra continua sendo "redescoberta", e historiadores austríacos hoje reescrevem sua historia assumindo sua parte na anexação "pacifica" de 1938.
Coincidentemente aos 75 anos da anexação da Áustria pela Alemanha nazista, o mundo assiste temeroso o propósito de um país europeu, Rússia, anexar outro – ou melhor, parte de outro – a região da Crimeia que pertence à Ucrânia - com maior parte da população de descendência russa. A história do plebiscito se repete, o uso de força militar com a "desculpa" de se  garantir a liberdade do povo também se repete, espero que não se repita a história dos seis anos após 1938.


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